Traumatismos Dentários
Situações
de emergência envolvendo a boca e os dentes quase sempre se transformam em
experiências dramáticas para pais e crianças. As estatísticas mostram que
cerca de 14% das crianças e adolescentes passam, de alguma forma, por essas
situações de emergência.
Por isso, é importante estar preparado para se
ter a atitude correta num momento desses.
Apresentaremos, assim, os traumatismos mais
comuns e qual a melhor atitude que deve ser tomada em tais circunstâncias.
Cortes
e sangramentos
Quando uma criança sofre um traumatismo que provoca corte
ou sangramento, deve-se colocar no lugar, sobre o ferimento, uma compressa de
gaze ou pano limpo e pressionar bem, para que o sangramento seja controlado.
Muitas vezes, é necessário suturar o ferimento, para que a cicatrização se
processe de maneira adequada e, tão logo seja possível,
deve-se consultar um dentista.
Os
primeiros passos de uma criança
Os acidentes mais comuns que ocorrem na dentição de leite são
os que envolvem bebês e crianças que estão aprendendo a andar.
O dente amolece em seu alvéolo ou é deslocado de sua posição
original, podendo se deslocar para dentro do alvéolo (intruir) ou descer,
dificultando o fechamento da boca.
O dentista deve ser consultado, para que a extensão do dano seja
avaliada. Muitas vezes esse dano é maior do que aparenta ser.
Freqüentemente, é preciso radiografar o dente e observar por um período
determinado. O dentista deve também orientar os pais sobre os cuidados a serem
tomados na área afetada, assim como sobre futuros problemas que poderão
comprometer a dentição permanente.
Mudança
de cor do dente que sofre traumatismo
É comum ocorrer, após dois ou três dias do acidente, uma
mudança de cor, um escurecimento da coroa do dente. Essa mudança pode se
perpetuar; nesses casos, quase sempre há perda de vitalidade do dente e um
tratamento de canal se faz necessário.
Nos dentes de leite, nem sempre uma mudança de cor da coroa
significa perda da vitalidade e, em muitos casos, a cor poderá retornar ao seu
normal. O dentista deve ser consultado para ser feito o acompanhamento.
Dente
fraturado
É comum a fratura de um ou mais dentes em conseqüência
de um traumatismo. Além disso, muitas vezes pode ocorrer que o nervo do dente
se danifique.
Deve-se sempre consultar o dentista para que ele possa
avaliar a extensão do dano, tratar a fratura e prevenir eventualmente problemas
da vitalidade futura do dente.
A melhor maneira de se evitarem fraturas nos dentes é
preveni-las; assim, no caso de esportes, como andar de bicicleta, andar de skate,
basquete, vôlei, jogos de futebol ou rugby e outros esportes coletivos, é
importante o uso de protetores bucais.
Converse com o seu dentista a respeito.
Perda
total de um dente
Em certas circunstâncias, como impactos horizontais, é
comum
acontecer um deslocamento total do dente.
É essencial que determinadas condutas sejam adotadas
imediatamente, para que se aumentem as chances de salvar esse dente.
Se o dente for de leite, a colocação deste de volta em
seu lugar não é indicada; a probabilidade de sucesso é mínima.
No caso do dente permanente, o reimplante é indicado. Para
que se obtenha sucesso no reimplante, é necessário: Manter a calma e
fazer a criança morder uma gaze ou um pano limpo, com pressão
para que se possa controlar o sangramento. Ache o dente. Pegue o dente
somente pela coroa. Não toque na raiz. Resíduos devem ser cuidadosamente
retirados do dente com soro fisiológico ou leite morno. Não esfregue o dente.
Coloque o dente de volta no seu lugar (no alvéolo) na boca da criança. Não se
esqueça: a parte côncava do dente é do lado de dentro da boca. Faça a criança
morder uma gaze ou um pano limpo, para que o dente se mantenha
na posição. Procure imediatamente um dentista. Se você não conseguir colocar
o dente em sua posição, mantenha-o em uma solução de soro fisiológico ou em
leite morno ou mesmo na boca da criança (debaixo da língua) e procure
imediatamente um dentista. O resultado final de um reimplante depende muito do
período que o dente ficar fora do alvéolo e da conservação do mesmo nesse
período. O dente deverá ficar fora do alvéolo o menor tempo possível.
O dente reimplantado deverá ser fixado pelo dentista em sua "posição"
e ter o seu canal tratado; mesmo assim, com o decorrer do tempo, haverá uma
diminuição do tamanho de sua raiz. O tempo médio de permanência de um dente
reimplantado na boca é de um a cinco anos; muitas vezes esse tempo é o necessário
para que a oclusão se defina e novas condutas possam ser tomadas.
Fonte: Revista da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas, v. 51, n. 2, mar./abr. 1997